terça-feira, 31 de março de 2009

Homenagem ao Herbert - Saber amar


A crueldade do que se é capaz
Deixar pra trás os corações partidos
Contra as armas do ciúme tão mortais
A submissão às vezes é um abrigo

Há quem não veja a onda onde ela está
E nada contra o rio
Todas as formas de se controlar alguém
Só trazem um amor vazio

O amor te escapa entre os dedos
E o tempo escorre pelas mãos
O sol já vai se pôr no mar
Saber amar
É saber deixar alguém te amar

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nasci no dia 27 de março...


Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado... meu orgulho me deixou cansado, meu egoísmo me deixou cansado e minha vaidade me deixou cansado... eu não me perdi, e mesmo assim você me abandonou, você quis partir e agora estou sozinho...

vai, se você precisar ir, não quero mais brigar essa noite, nossas acusações infantis e palavras mordazes que machucam tanto não vão levar a nada como sempre... quem diz que me entende, nunca quis saber... mas vou me acostumar com o silêncio em casa... já brigamos tanto, mas não vale a pena... vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV...

acho que não sei quem sou, só do sei do que não gosto... eu vejo o que aprendi, o quanto te ensinei... eu sei... palavras são erros... não quero lembrar que eu erro também... o tempo todo estou tentando me defender... porque me quebraste em mil pedaços...

acho que você não percebeu que o sorriso era sincero... já que não me entende, não me julgue... eu não minto, eu não sou assim... hoje não estava nada bem... tenho andado distraído, impaciente e indeciso, e ainda estou confuso, mas agora é diferente... são as pequenas coisas que valem mais...

eu quis você e me perdi... já me acostumei com a tua voz, com teu rosto e teu olhar... sei que não tenho a força que tens... acho que só agora eu começo a perceber que tudo o que você me disse, pelo menos o que lembro que aprendi com você, está realmente certo... gosto quando sorris pra mim... gosto de ver você dormir que nem criança, com a boca aberta... vem e me diz o que aconteceu, faz de conta que passou...

ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria... o meu coração já não me pertence... quero me encontrar, mas não sei onde estou... por que esperar se podemos começar tudo de novo agora mesmo? aprendi a perdoar e a pedir perdão... venha, meu coração está com pressa... nosso futuro recomeça... estou pensando em casamento... e até que é fácil acostumar-se com meu jeito... eu quero fazer tudo por você...

e quando você voltar, tranque o portão, feche as janelas, apague a luz e saiba que te amo.



(Todos os versos são de Renato Russo.)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Discussões literárias...

Ser ou não ser moderno: uma questão de eternidade

Daniela Samira da Cruz Barros

As denominações dadas às correntes literárias existentes parecem-nos apropriadas, visto que visam sintetizar as ideias propostas pelos autores da época ou, pelo menos, representar, da maneira que for, os estilos vigentes. Entretanto, uma dessas denominações parece destoar.
Ao misturar Literatura e cronologia, o Modernismo limitou as novas denominações surgidas posteriormente. É bastante claro que ao chamado “espírito de época” (Que pode ser traduzido como o sentimento comum da sociedade, o qual gerou tais manifestações artísticas.) se encaixava perfeitamente o termo “modernista”, os artistas queriam mesmo romper, efetivamente, com tudo que vinha sendo tradicionalmente pregado há anos, sugerindo modernizar a arte. Foi feito. Conseguiram. A Semana de Arte Moderna de 22, por exemplo, não poderia ter outro nome. Era mesmo uma nova arte, um “jeito” moderno de ver as coisas; tão moderno que causou muita repulsa – o novo sempre assusta e escandaliza. Daí a grande repercussão da Semana, garantindo a efetivação do caráter modernizador dos projetos ali apresentados.
Se aquela Literatura de 1922 era moderna, estamos fadados à prisão àqueles moldes? O Modernismo não é o grau máximo que algo pode atingir? Os autores, por exemplo, posteriores aos Andrades de 22, Drummond ou Vinícius de Moraes não são modernos?
A primeira relação que se pode traçar entre Modernismo e tudo o que vem depois dele é a relação continente/conteúdo. A partir do Modernismo tudo parece ser moderno, tudo parece estar incluso naquele “jeito novo de ver as coisas”, não apenas pelo caráter destruidor e construtor, respectivamente, assumido pelos modernistas, mas pela sugestão de finalização de um processo que a nomenclatura adotada sugere.
O “espírito de época” imediatamente subsequente ao Modernismo foi chamado, sem qualquer criatividade e confirmando a limitação imposta pela nomenclatura cronológica, de Pós-Modernismo. O que é muito lógico, o que vem depois do Modernismo é pós-moderno. Mas, em que sentido? O Pós-Modernismo não se caracteriza individualmente, precisa traçar um paralelo com seu estilo-origem? A fragmentação da Literatura, por exemplo, foi tão grande que não se pode agrupar mais, possibilitando uma unificação nominal? E, por isso, adotar um nome cronológico é mais simples?
O Pós-Modernismo no Brasil não sugere algo completamente independente, pelo contrário, inclina-se, às vezes, a uma continuidade do Modernismo, visto que se caracteriza ora por manifestações representando muitos passos adiante do Modernismo, ora representando um retrocesso. A prosa pós-modernista, por exemplo, aprofunda uma tendência já trilhada pela geração de 30, buscando uma literatura intimista, introspectiva. O regionalismo, também já iniciado, adquire novas dimensões, mas não chega a romper com “antigas tendências modernas”.
A Poesia Concreta, que também é pós-modernista – pois vem depois do Modernismo (Mais uma vez podemos perceber a ineficiência da nomenclatura cronológica.) – traz traços modernos visto que rompe com padrões, alguns dos quais, inclusive, já haviam sido alvo da geração de 22. O rompimento com o verso tradicional, por exemplo, foi uma questão bastante relevante para Oswald de Andrade. No entanto, somente com a Poesia Concreta é que revolucionou-se efetivamente o modo de construção da poesia. Seria, então, a Poesia Concreta o real amadurecimento dessa ideia? Sendo assim, a Poesia Concreta é Moderna, certo?
Por outro lado, a partir do momento em que o Concretismo pôs em prática, no grau mais elevado possível, essa ruptura com o verso tradicional, acabou por sugerir algo realmente novo (Ou moderno, olha aí o problema outra vez!), que é uma exigência da participação ativa do leitor no processo de construção da poesia. O leitor é co-autor do texto, já que este permite uma leitura múltipla.
Assim, numa comparação entre a produção dos autores modernos – de quaisquer épocas – , a dos autores pós-modernos e também a dos concretistas, podemos concluir que, depois do Modernismo, com toda aquela história de rupturas, novidades, choques e escândalos artísticos, nada mais deixou de ser moderno. Talvez pela infelicidade do nome, talvez pela força das inúmeras tendências sugeridas na década de 20 e amadurecidas cada uma em seu tempo, umas com Drummond na Segunda Geração, outras com Guimarães Rosa no Pós-Modernismo, e outras ainda com os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, na Poesia Concreta.
Tamanha associação entre os estilo literários nos faz questionar até que ponto essa situação de amadurecimento das ideias lançadas em 22 será pertinente. Até quando? Pós-modernos, concretistas, praxistas, contemporâneos, serão todos uma extensão dos modernistas? Será o Modernismo, mesmo que renomeado, o estilo eterno?

domingo, 22 de março de 2009

Filhos? Marido? Melhor não tê-los... pelo menos por enquanto.

Depois de doze anos, reunimo-nos ontem: as meninas da última turma do CFP/Senai. Nossa experiência no conhecido Senai da Rede Ferroviária Federal foi muito além da formação profissional, que, aliás, nenhuma de nós seguiu: somos professoras, bancárias, policiais, economistas... mas nenhuma mecânica, metalúrgica ou eletricista, certamente. As amizades que conquistamos nos três anos de Senai ficaram mesmo marcadas em nossa vida. Apesar de todo o tempo que passou, é como se soubéssemos tudo sobre as vidas umas das outras. Parece que somos íntimas tanto quanto éramos quando os nossos queridos amigos meninos nos trancaram no banheiro e jogaram a chave fora (Acreditem se quiser!) Inclusive as rivalidades se mantiveram, vez por outra é possível notar uma espetadinha aqui, um comentário maldoso ali... não tem jeito, somos humanas. E mulheres!
Uma novidade nesse encontro foi, sem dúvida, a criançada, em doze anos, são nove crianças, das quais, sete se fizeram presente. Isso significa que nesse tempo foram alguns casamentos... apenas duas de nós não se casaram e não tiveram filhos. E eu sou uma delas. Confesso que me senti uma estranha no ninho quando percebi que quase todas tinham seus maridos (E suas reclamações sobre o casamento, claro!) e seus filhos, lindos, por sinal, cada um refletindo uma coisa ou outra da mãe... fiquei meio deprê quando saí de lá.
Na verdade, não acho que eu esteja atrasada, escolhi outro caminho, que nenhuma delas seguiu, eu sei, talvez por isso eu tenha "ficado para trás". Mas não sei se foi esse sentimento de "eu podia ter uma rotina assim, mas não tenho" que me deixou meio melancólica. Foi exatamente o contrário, talvez a pergunta "será que eu quero ter uma vida assim algum dia?".
Vi pelo menos dois maridos "atrapalharem" nosso encontro, um acabou apressando o fim do encontro porque a mulher resolveu ir embora e "fechou a nossa conta", o outro chegou constrangendo a esposa por não concordar com o tratamento que ela dava ao filho, e ainda teve um outro que telefonou para perturbar. Ouvi uma dizer que já desistiu, às vezes tenta, mas ele não colabora, então acha difícil voltar a viver bem. Ouvi duas outras comentando que depois dos filhos o amor pelo marido parece diminuir e uma outra concordando e corrigindo: "parece, não, diminui, com certeza".
Complexo, como diria um amigo. Fiquei confusa. Não sei o que pensar sobre isso. Será que a minha melancolia é por qual motivo? Porque queria ter uma nova vida, com preocupações de esposa e mãe. Será que minha vida está muito vazia e teria mais sentido se eu tivesse um marido e filhos? Será que gosto de ser livre e poder fazer o que eu quiser sem me preocupar em cuidar de alguém? Será que quero me casar, ter filhos e depois achar que não tenho mais meu marido, mas somente o pai dos meus filhos ao meu lado? Será que quero nunca mais ter uma noite de sono tranquila porque estarei eternamente preocupada com as crianças, mesmo depois que elas tiverem suas vidas independentes? E será que colocar filhos nesse mundo tão injusto não seria puro egoísmo? Apenas para sustentar nosso ego, satisfazer nosso desejo de ser mãe?
Hummm. Difícil decisão. Mas, pelo menos por enquanto, acho que prefiro os vazios de vez em quando e a sensação de que nada faz sentido, a preocupação com meu trabalho ou com o doutorado, com malhação para manter o corpinho de 20, e com as baladas no fim de semana...
Quando uma das amigas me cobrou que estava na hora de providenciar o meu bebê, eu respondi que meu primeiro filho será minha tese, daqui a uns dois anos. E até lá, decido se entro para o rol ou não.
Por enquanto, fico conhecida como a encalhada da turma. Tudo bem, não me ofendo!
"Não, meu coração não é maior que o mundo, é muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores, por isso gosto tanto de me contar!" (CDA)